Entrevista à ilustradora Ângela Vieira | |||||
Por Maria Teresa Portal Oliveira (Professora), em 2016/10/20 | 2147 leram | 0 comentários | 312 gostam | ||||
Alguns alunos da Oficina de Jornalismo (O.J.) do 6ºC (Sérgio, Magda e Luana) presentes na sessão do dia 17 de outubro fizeram uma entrevista à ilustradora Ângela Vieira (A.V.) que, amavelmente, se prontificou a responder-lhes. | |||||
O.J.: Sabemos que é arquiteta e ilustradora. Exerce alguma das profissões a tempo inteiro? A.V.: Sim, exerço ilustração a tempo inteiro. Trabalho só em ilustração. O.J.: Como descobriu a ilustração? A.V.: Como eu gostava muito de desenhar, quando acabei o curso, estava à procura de estágio em arquitetura, comecei a desenhar e comecei logo a pensar em mandar os meus desenhos … fazer um portefólio e mandar a uma editora para ver se conseguia ilustrar algum livro. Não foi planeado. E, de repente, já estava a trabalhar a tempo inteiro como ilustradora. Nunca exerci arquitetura. O.J.: Em média, quanto tempo leva a ilustrar uma história como esta? A.V.: Geralmente, dois meses. Dois meses é o melhor, mas, às vezes, as editoras têm prazos muito curtos e pedem para eu “correr” e faço num mês e meio, mas é mesmo a correr, trabalhar todos os dias. O.J.: Como foi ilustrar este livro? A.V.: Olha, foi muito bom, adorei. Foi muito bom ilustrar este livro. Adoro desenhar bibliotecas. É um dos meus temas preferidos e, esta como tinha muita sabedoria, muita magia, tinha dragões, era uma biblioteca infinita… O.J.: Quantos livros ilustra por ano? A.V.: Depende dos anos. Há anos que ilustro mais. Este ano ilustrei seis. Vou fazer em novembro o sétimo. O.J.: Pode dizer-nos alguns nomes das obras que ilustrou? A.V.: “O Fantasma de Canterville”, “As Viagens de Gulliver com escala em Portugal” da Luísa Ducla Soares, “A Abóbada” de Alexandre Herculano… O.J.: Sabemos que também ilustra manuais escolares. Dá-lhe mais prazer ilustrar estas histórias ou os manuais que exigem uma grande variedade e diferentes tipos de ilustrações? A.V.: Sem dúvida nenhuma que as histórias são muito mais divertidas de ilustrar. Posso desenhar com mais detalhe, caprichar mais, escolher o meu estilo… São, sem dúvida, muito melhores do que os manuais escolares. O.J.: Para ilustrar manuais, quem aceita ou rejeita os desenhos que propõe? As editoras ou há alguns autores que são consultados? A.V.: No caso dos livros, depende do livro. Este livro “A Abóbada” De Alexandre Herculano quem aprovou foi a editora, até porque o autor já faleceu há muitos anos. Quando é um livro da Luísa Ducla Soares é a autora, embora a editora também possa falar. Nos manuais, normalmente dão o espaço de que disponho e indicações muito precisas sobre o que pretendem e, quando há autores à mistura, pode tudo tornar-se mais complicado. O.J.: Onde faz os seus primeiros esboços para um livro? Em casa, isolada ou num ambiente frequentado por gente… numa mesa de café, por exemplo? A.V.: Faço sempre no ateliê. É aí onde trabalho e faço tudo. O.J.: Em quem se inspira para fazer as suas personagens? Em pessoas que vai conhecendo ou apenas na sua imaginação e nas descrições dos autores? A.V.: É sempre um pouco de tudo. Para desenhar personagens reais tenho de ter vários tipos de pessoas na biblioteca da minha cabeça: mais gordo, mais alto, mais alegre, mais tristonho… Claro que tenho de ter em atenção a personagem que está escrita no texto, mas vou buscar ideias à biblioteca que tenho “aqui” armazenada (e apontou para a cabeça): expressões faciais, posturas corporais… e depois construo a personagem a partir disso. O.J.: Se algum de nós quiser ser ilustrador, o que tem de fazer? A.V.: Primeiro tem de trabalhar e praticar muito, desenhar e “perder” muitas horas nessa tarefa… depois tirar um curso, uma especialização de belas artes, saber desenhar e ter muita técnica – desenhar tudo e depois… sim… escolher a área: infantil, infanto-juvenil, adultos… O.J.: Dá para viver só de ilustrar livros? A.V.: É uma boa pergunta. Dá para viver mas não é fácil… exige conhecer muitas editoras, não trabalhar só com as nacionais mas também com as estrangeiras… mas dá. O.J.: Mas é a Ângela que contacta as editoras? A.V.: Neste momento já não contacto. Eles já me contactam, mas, no início, era eu que me oferecia. Agora já me procuram. O.J.: Já recebeu algum prémio? A.V.: Não, nunca recebi nenhum. Tive este ano vários livros propostos para concursos, mas nenhum recebeu prémio. O.J.: E gostava de receber? A.V.: Claro que sim! O.J.: Obrigado pela sua amabilidade. E assim acabou a entrevista dos pequenos jornalistas Sérgio, Luana e Magda do 6ºC à ilustradora Ângela Vieira que fez uma caricatura dos seus três jovens entrevistadores. | |||||
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