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Visita à editora Opera Omnia
Por Maria Teresa Portal Oliveira (Professora), em 2014/03/111491 leram | 0 comentários | 253 gostam
No dia 19 de fevereiro, quarenta e dois alunos deslocaram-se a Guimarães, à Editora Opera Omnia, no Centro Histórico.
Eram seis do 7ºC da Oficina de Jornalismo, outros alunos do Projeto da BE “Palavra a palavra construo o meu mundo” e o 5ºD- turma à qual pertenciam muitos daqueles alunos.
Pelas 14 horas, os alunos apanharam a camioneta, cedida graciosamente pela CMG e fizeram um pequeno percurso pedestre desde o Campo da Feira até à Editora.
Os alunos foram acolhidos pelo senhor José Manuel, o gerente, que lhes explicou pormenorizadamente como é que um livro é feito, o percurso que percorre desde que sai das mãos do autor sob a forma digital (enviado por e-mail) até sair impresso da Gráfica.
A explicação foi verbal, porque, efetivamente, não se pode visitar uma reprografia que tem máquinas muito perigosas e cujo barulho obrigaria ao uso de auscultadores, o que impediria a audição de explicações.
É possível visitar uma editora que presta serviços, que leva o livro desde que o recebe até ser publicado.
Porquê Opera Omnia? Para se criar uma empresa tem de se pensar num nome, obviamente. E o nome já estava mais ou menos pensado, o que não contavam é que lhes entregassem uma lista de nomes para escolherem. Assim, o nome que levava já existia, uma segunda hipótese também. Foi então que o senhor José Manuel se lembrou de Opera Omnia, uma expressão latina que significa Obra Completa. Embora haja editoras especializadas em certas obras como Almedina, em livros de Direito, esta editora é generalista, não se dedica a nenhum tipo de texto/ imagem/ fotografia em especial.
O editor é alguém que recebe uma proposta de edição. Vê se tem qualidade ou não. Recebe os originais (atitude passiva), mas também pode ter uma atitude ativa e ir a um autor pedir um determinado texto sobre um determinado tema. É, pois, o editor que toma a decisão final sobre a publicação ou não de uma obra, pelo que tem de ter a capacidade para arriscar e falhar. Há mais livros que foram rejeitados pelos editores e que se tornaram grandes sucessos do que o contrário.
Tomada a decisão de se publicar, o livro, já conhecido o seu público-alvo, vai passar por vários passos: o paginador que arruma o texto nas páginas e evita as linhas viúvas e as linhas órfãs e segundo as instruções recebidas, há o revisor (que pode ser o paginador) e há o editor que vai ver se o trabalho resulta ou não, se a ficha técnica está correta, se a mancha gráfica agrada ou não. Depois o livro segue em PDF para a reprografia e sai o mono, um primeiro esboço. ESte mono já tem o aspeto de livro, com os diferentes cadernos que o compõem, mas ainda não o é. Já paginado e dimensionado, volta ao editor para as últimas emendas. Os alunos ficaram a saber que os livros têm de ter um determinado número de páginas, em cadernos de 8, 16, 32 páginas. Pode haver também múltiplos de 12. É por isso que, muitas vezes, os livros têm folhas em branco.
Os alunos viram ainda como saem os cadernos antes de serem cortados e dobrados, colados e cosidos na lombada, pois todos receberam planos gráficos, um caderno antes de ser cortado e colado e que é, em simultâneo, uma prova de cor. O editor diz se a cor está bem, se quer mais ou menos preto,...
Feito o livro, há a distribuição. Os vendedores apresentam os livros às livrarias ou aos livreiros. Depois, é necessário fazer uma ficha do livro, um cartão de cidadão do livro que é o ISBN, o código de barrasw. Não há códigos iguais. Todas as editoras têm um código e todos os países também. O código de Portugal é 978.
Falou ainda sobre os Direitos Autorais. Há três tipos de direitos: morais (por exemplo, Camões já não tem direitos autorais, mas tem os morais. Ninguém deve esconder a sua autoria.); patrimoniais (para se utilizar uma fotografia, deve pagar-se); direitos autorais (quem escreve um livro, uma música, pinta um quadro tem de ser pago). E salientou que a autora do Harry Potter está milionária, mais pelos direitos de adaptação dos seus livros ao cinema do que pelos direitos autorais dos livros publicados.
Os alunos estiveram atentos às explicações e gostaram de saber o caminho percorrido por um livro, tanto a ser feito ( o livro “Os Maias” levou doze anos a ser escrito)como a ser publicado. Por exemplo, o Livro de Cesário Verde só foi publicado depois da sua morte. Já Fernando Pessoa, um dos nossos maiores poetas, só viu “A Mensagem” publicada em vida, pois que toda a sua obra foi publicada postumamente. Outros escritores, como Miguel Torga, foram os seus próprios editores.
Uma tarde bem passada a ouvir falar do objeto tecnológico mais perfeito de todos os tempos, pois que, até à invenção da imprensa por Guttenberg, no século XIV, eram os monges copistas que os copiavam à mão, levando anos a fazer um só livro.
Que sorte vivermos no século XXI e podermos usufruir de tão grande variedade de obras e deste tesouro incalculável que são os livros!
Um mundo sem livros seria inimaginável.

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