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BANCARROTA
Por Maria Teresa Portal Oliveira (Professora), em 2015/11/13458 leram | 0 comentários | 126 gostam
O José Pedro Marques do 9ºC fez esta crónica no teste de Português.
Era de madrugada e acordei. Olhei para a vida, por dentro, e vi que tudo era um nada. Coração, vazio... casa, vazia... carteira, vazia... Era tudo um episódio grego e a única constante era a "bancarrota".Assim era a vida de um ser humano sem alma, de um pai sem filhos, de um rico sem dinheiro. Que oportunidades me teria dado a vida que eu teria desperdiçado infindavelmente?
Nasci. O baloiço baloiçava e o vento soprava, quase como um aviso de perigo. Segui em frente. Trepei para a diversão e, num ápice, a minha face cheirava a tão bela relva esmeralda, que me acolhera com os seus braços macios que pareciam tão doloridos. Tinha três anos.
Cresci. A escola era uma aventura política e social associada a mil e uma outras aventuras que acabavam no desespero. As notas eram tão boas como uma coca-cola fresca no inverno e, assim era eu, uma inconveniência na vida de todos os que me rodeavam. A lâmina era poderosa, os meus braços fracos, assim era eu. Cedi. Tinha dezasseis anos.
Sobrevivi. A vida não trazia grandes abalos, nem grandes surpresas. Tudo terminava numa monotonia incansável que deixava tudo para trás, exausta. A cidade era apenas um local onde viviam as mais estranhas almas, aprisionadas no betão, que me julgavam com o seu olhar negro, por baixo do manto branco que as cobria. Que idade teria?
Agora, é de madrugada, acordei, e o que tenho eu?O que serei eu, senão uma bancarrota à espera de uma alma de manto de breu mas de olhar de luz que me ilumine o caminho no túnel da salvação?


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