Os Pequenos Jornalistas
Pesquisa

Visita da Oficina de Jornalismo a Domingos Maia
Por Maria Teresa Portal Oliveira (Professora), em 2012/03/12685 leram | 0 comentários | 197 gostam
No dia 8 de março, a Oficina de Jornalismo (com três alunos - Carlota, Francisco e Gonçalo) deslocou-se a casa do senhor Domingos Maia...
... para o entrevistar e ouvir falar sobre a Fábrica de Cutelarias António da Silva Maia, fundada em 1930, e detentora da marca 18, no âmbito do Projeto de Cutelarias a desenvolver com a Guimarães CEC 2012.
A fábrica, que funcionou até aos anos 60, produzia talheres (colheres, garfos e facas) e catanas para Angola, Moçambique, Cabo Verde e Guiné. A produção destes instrumentos foi suspensa pela PIDE por considerarem que ajudavam em atos de terrorismo.
Depois de partilhar memórias sobre a fábrica de seu pai (depois sua), o senhor Domingos explicou e demonstrou aos alunos como aí se faziam os talheres numa altura em que o trabalho era todo produzido manualmente. A industrialização ainda não tinha chegado e um trabalhador fazia três dúzias de talheres por dia à custa de trabalho duro e desgastante do braço utilizando as ferramentas artesanais de que dispunha. E mostrou o martelo e a bigorna e as formas e os encaixes utilizados para moldarem a concha ou a colher de sopa no aço. Só não mostrou a forja, porque não tem. Por isso, para demonstrar o trabalho antigo e fazer os talheres que ofereceu à escola, utilizou o chumbo, um metal moldável. Demonstrou como se fazia a faca com espiga onde depois encaixava o cabo de madeira ou chifre (aproveitando-se para os cabos das facas a parte não utilizada para os pentes). E explicou que, até aos anos 60, as facas eram feitas por forjamento manual, um processo que exigia grande perícia, muita lentidão, mas conferia à faca resistência e durabilidade. Hoje, o processo de fabricação é o recorte, com uma máquina que desenrola o rolo de aço, já com o tamanho adequado, recorta as facas de modo contínuo e enrola os desperdícios.
Também mostrou aos alunos a furadeira, uma maquineta engenhosa utilizada para furar manualmente os cabos das facas. E mostrou como se fixavam os cabos de madeira às facas com espiga, com a ajuda de anilhas que ele próprio fazia, a partir de latas de conserva. Já na altura se fazia o reaproveitamento de materiais. Os miuditos de quatro, cinco anos procuravam, nos riachos (rio Febras) e no próprio rio Ave, as latas de conservas que eram levadas pela água para fazerem as anilhas. Era uma forma do trabalho infantil (?) ajudar na confeção das facas com cabos de madeira.
Quanto às diferentes fases de feitura dos talheres, a seguir ao desbaste, os talheres iam ao rebolo, onde se usavam lixas grossas e onde os talheres perdiam muitas das imperfeições que tinham, prosseguindo depois para o polimento. E apresentou algumas cintas que faziam mover as rodas de rebolo e depois as de polir. Daqui os talheres seguiam para a limpeza com pano para tirar restos de esmeril e dar brilho. E explicou aos alunos como, no fim de um dia de trabalho, colocavam esmeril numa roda já gasta e a deixavam a secar na forja para, no dia seguinte, estar pronta a ser utilizada.
O senhor Domingos mostrou ainda os cunhos da marca 18 utilizados para a marcação dos talheres produzidos pela fábrica e salientou que uma empresa pode ter vários cunhos conforme o material e fim a que se destina.
Para saber mais, aceda no Youtube aos endereços: http://youtu.be/MYYq_mB3Jic, http://youtu.be/Z-erR-UT2dk, http://youtu.be/xZncDUE8fKY, http://youtu.be/S4qHEl71kGM, http://youtu.be/FkaSutWC7oQ, http://youtu.be/kk79rDk32IY.

O sennhor Domingos fala sobre a Fábrica de Cutelarias António da Silva Maia

Mais Imagens:

Comentários

Escreva o seu Comentário
 




Top Artigos: Amor de Mãe