Entrevista a Maria do Céu Meireles | |||||||
Por Maria Teresa Portal Oliveira (Professora), em 2012/03/22 | 817 leram | 0 comentários | 208 gostam | ||||||
Maria José Meireles esteve presente na EB2,3 de passagem, vinda do "Ler é fixe", no dia 15 de março, e deu uma entrevista aos pequenos jornalistas do 7ºH. | |||||||
A escritora veio assistir ao espetáculo realizado no multiusos da escola secundária, que concluiu o “Ler é Fixe” (alunos do pré-escolar e do 1º ciclo) que, este ano, apenas explorou obras desta autora. Considerada uma escritora vimaranense, Maria José é natural da Covilhã, mas a sua vida acabou por se desenrolar em Guimarães, pois veio estudar para o Porto, guardando apenas lembranças da terra onde nasceu e alguns parentes. Começou por tirar o Curso do Magistério Primário na Guarda, mas, como eram muitos filhos e não era a única a estudar, começou a trabalhar (aos 18 anos já era professora do 1º ciclo) para poder tirar um curso superior, embora o pai a continuasse a ajudar muito, pois, na altura, os professores não ganhavam nas férias. Essa foi uma conquista pós 25 de abril. Fez o 7ºano, dispensou dos exames de aptidão para entrar na universidade e foi estudar para o Porto onde se licenciou em História. Andou seis anos na faculdade, fez mais um para fazer as Ciências Pedagógicas e depois foi para a sua escola, a João de Meira e fez o estágio antes do 25 de abril. Mas a sua grande paixão era a arte e acabou por ser uma das cofundadoras da cooperativa Árvore, em Guimarães, na antiga escola primária (que estava abandonada), local onde ainda se conserva. E acabou por ser professora de História da Arte na cooperativa. Sempre gostou muito de ser professora e ainda hoje gosta de ir às escolas e de matar saudades. Hoje, gosta muito de viajar, de andar misturada com as pessoas, de andar no meio do povo, não em turismo. É onde gasta o dinheiro. Em viagens. E contou alguns episódios das suas viagens como a da sua estadia em Nova Iorque, onde as pessoas têm de ter o dinheiro trocado para poderem andar de autocarro e ela e a filha só não foram postas fora, porque os utentes fizeram uma coleta e pagaram-lhes o bilhete, quando se aperceberam de que eram portuguesas. O nosso povo é muito bem considerado lá fora. Maria José encontrou a escrita com o tempo e no silêncio, com o coração vazio, solto. A escrita é um desafio, é um ato criativo, o que nos distingue dos animais. A maneira como um texto se desenvolve é uma surpresa. Por exemplo, não sabe explicar porque é que na obra “Voar em Guimarães” apareceu a bicicleta do João Afonso. Possivelmente, serão coisas que estão no inconsciente. E aconselhou os alunos a fugirem das pessoas que fazem ruído e que lhes metam na cabeça desejos que não têm valor nenhum. Maria José gosta muito de Portugal, tem um estranho amor à terra onde nasceu e à sua luz tão especial, tanta luz e tão bonita, como não há comparável em nenhuma região do globo. Nem no Brasil viu esta luz. E disse: “Nós éramos os lusi, o povo da luz.” A História está de alguma forma ligada aos livros, pois sempre gostou muito de História e achava os manuais escolares muito maçadores e começou a escrever para dar a História de uma outra maneira. É um estranho amor. A obra que está a escrever vai falar do mar, um tema que estava a faltar. Tinha de se decidir a falar sobre os descobrimentos e este povo de navegadores. Na África do Sul, só falam em Portugal, têm museus dedicados ao Vasco da Gama, têm as suas caravelas, têm os padrões portugueses mais bem conservados do que os que temos cá. E aconselhou os alunos a andarem sempre com um livro, pois tendo-se um livro tem-se um amigo e ele pode ser o ponto de partida para se arranjarem mais amigos. O livro transporta-nos para outros lados e nunca estamos sozinhos. No fim da entrevista, concedeu autógrafos aos jornalistas. | |||||||
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