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Azulejos e bordados para o “Nós com Arte"
Por Maria Teresa Portal Oliveira (Professora), em 2012/02/163256 leram | 0 comentários | 1362 gostam
No âmbito de Guimarães CEC 2012, os alunos do Clube de Artesanato “Nós com Arte” participaram numa oficina sobre azulejaria (azulejo barroco) e visitaram o ateliê dos Bordados de Guimarães, no Centro Cultural Vila Flor.
Depois de observarem o conjunto de azulejos das Casas de Fresco dos jardins do Palácio Vila Flor, os alunos foram desafiados a desmontar e a recriar os seus variados desenhos, utilizando um tipo de composição usado na época áurea da azulejaria (século XVII e século XVIII): o azulejo padrão. Os alunos corresponderam e deram o seu melhor.
Depois, fizeram uma visita ao espaço Oficina, ao ateliê dos Bordados de Guimarães, onde ficaram a saber algumas das suas características, técnicas e pontos através da conversa/ entrevista colocadas à Dona Conceição, uma das bordadeiras, de que foi feita uma gravação.
Normalmente, o bordado faz-se em linho industrial mas também se utiliza o linho caseiro. A estrutura dos desenhos é feita, previamente, em papel vegetal e só depois passada para o linho, obedecendo os desenhos a motivos da natureza: silvas, passarinhos, flores, folhas de carvalho, estrelas, cercaduras, laços, rosetas, corações… Embora muito ligado à cor vermelha, o bordado monocromático (não há mistura de cores) de Guimarães também se faz em azul, branco, bege, cinza e preto (dos viúvos e das viúvas).
As primeiras referências ao bordado de Guimarães chegam-nos do final do século XIX, mais propriamente de 1860. Surge como um “bordado rico”, feito a linha branca sobre pano de linho cru e fino, executado pelas senhoras vimaranenses e destinado a ornamentar principalmente roupa de cama e roupa interior. Depois acabou por haver uma junção com o “bordado pobre”, o bordado popular, utilizado no peitilho da camisa do lavrador e na camisa e colete de rabichos da lavradeira.
Nos anos 50, disse Dona Conceição, o bordado evoluiu graças aos cursos de formação feminina na Escola Industrial Francisco de Holanda. O desenho tornou-se mais elaborado. Nos anos 80, começou a decair, pois a mão de obra feminina começou a ser recrutada para as fábricas. Nos anos 90, em termos profissionais, o bordado praticamente desapareceu a não ser na Lixa, onde se fazem bordados de todo o país.
Atualmente, o bordado de Guimarães caracteriza-se por uma grande diversidade quanto às formas e às dimensões das peças bordadas, o desenho é simétrico de cariz geometrizado ou estilizado, utiliza vinte e um pontos diferentes e os motivos, já atrás mencionados, ligados à natureza.
Há uma série de peças bordadas, sendo as mais procuradas: argola de guardanapo, avental de garrafa, babete de caneca, babete de garrafa, base de caneca, base de copo, bomboneira, caixa de lenços, camilha, enxoval de bebé, jogo de pano, lenço de namorados, marcador de livros, naperão, pano de cesto de pão, pano para pão-de-ló, pano de tabuleiro, porta-lenços, porta-óculos, porta-rolo, pregadeira, queijeira, saco de amêndoas, saco de cheiro, saco de garrafa, saco de guardanapo, caso de nozes, saco de pão, saco redondo, toalha de batizado, toalha de bidé, toalha de chá, toalha de franja, toalha de mãos e de rosto, toalha de mesa.
Os vinte e um pontos utilizados são: areia, atrás, cadeia, canutilho, cheio, espinha, formiga, gradinha, ilhó de recorte, ilhó de rolinho, lançado, margarida, margarida dupla, nozinho, pé-de-flor, pé-de-flor duplo, pé-de-flor apanhado, pé-de-galo, pena simples, recorte e veludo. Destes, o ponto de canutilho é obrigatório, sendo o uso do ponto de gradinha recomendado.
Todas as peças executadas são rematadas com bainha aberta, franja e picote.
Bordar faz-se lentamente. Um pano de tabuleiro individual pode demorar quatro, cinco dias dependendo dos pontos e do esquema, com dez a doze horas de trabalho por dia. Se formos a ver, o trabalho é muito mal pago. Quem trabalha é por gosto como a Dona Conceição, que leva sempre o seu bordado para onde quer que vá. É viciante.
Os alunos vieram encantados e com vontade de bordar muito.

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